Mar
Adentro
Este
é um filme de 2004, que nos apresenta a história de um personagem real, Ramón
Sampedro (Javier Bardem), que nos cativa com o seu sorriso, como cativou Júlia,
a advogada que o apoiou na sua luta a favor da eutanásia ativa, e cativou Rosa,
uma vizinha empregada fabril, que tenta demovê-lo das suas ideias. Trata-se de
um drama que nos emociona, mas ao mesmo tempo nos prende a atenção, apesar de
grande parte da ação se desenrolar no quarto de Ramón.
É um filme
com conteúdo filosófico na área da ética, porque Ramón nos faz pensar através
da sua luta judicial contra o estado espanhol, contra a família, contra a
igreja e a sociedade em geral, pela liberdade de escolher o que quer fazer da
própria vida, depois de esta ter deixado de fazer sentido.
Ramón era
um ex-marinheiro galego tetraplégico, vítima de um acidente ao mergulhar no
mar, em plena juventude, que o obrigou a viver perto de trinta anos confinado
ao seu quarto, junto dos familiares que cuidaram dele, mas que eram contra
ajudá-lo a pôr fim à vida através da eutanásia (sobretudo o irmão mais velho). Ele
sente-se preso na sua própria casa, e mostra-nos a luta permanente entre a vida
e a morte. A vida é vislumbrada pela fuga através dos sonhos que contrasta com
a reclusão em que vive e que lhe roubou a liberdade de viver, daí a decisão de
pedir ajuda para pôr fim à vida, visto ele não ter condições par o fazer.
O tema da
morte não é fácil lidar com ele e muito menos, quando se trata de antecipar
esse momento. Ramón ao decidir-se pela morte, porque para ele a vida sem
liberdade não faz sentido, é apoiado por uns e entra em conflito com outros,
levando a que sejam apresentados argumentos a favor e contra a eutanásia ativa.
O irmão mais velho é contra, devido ao medo de perder a pessoa que ali está,
sem se importar que para Ramón, a vida já não faça setido assim. A igreja
através do padre tetraplégico é contra a eutanásia, porque a vida não é sua,
mas de alguém superior. Depois a favor da eutanásia surge um grupo de pessoas
ligadas a uma associação, que ajuda as pessoas que estão nesta situação, por se
tratar da vontade livre e consciente de desistir da vida, para evitar o
sofrimento de uma vida sem sentido.
No fim
Rosa, apesar de antes o ter tentado demover, ajuda Ramón a consumar a eutanásia,
libertando-o assim do sofrimento de uma vida sem setido. Este ato, surge no
filme em paralelo com o nascimento de uma criança, mostrando que estas
realidades são inseparáveis e a continuação uma da outra.
O
realizador, Alejandro Amenábar e os atores produziram um bom filme, tendo
recebido o Óscar de melhor filme estrangeiro.
Lázaro Fernandes
Este texto foi produzido no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Filosofia 2012. Aqui fica o trailer do filme: